Tu ainda não sabes. Não sabes porque nos forjaram, porque nos uniram. Pensas: o amanhã é demasiado grande e pode tragar-me. Esqueces que a minha mão está aqui. Afundas-te em ti. Afogas-te no medo cruel que te aprisiona. Falas-me em partir, esboças um vago regresso. Não entendes que uma partida é sempre um adeus, mesmo que haja um regresso. Vago, ainda por cima.
Peço-te: se partes, leva-me contigo. Passam dias e passam anos, até que cedes e aceitas levar-me.
E agora, deitado na minha cama, penso que talvez partas pela calada da noite, sem me avisar. Sou eu que me deixo ser tragado pelo medo, sou eu quem enlouquece na minha própria prisão.
Quando amanhecer, já traçámos o nosso destino. Um combate ao nascer do sol, com a luz que nos cega. Direi: não me queres levar. Dirás: sempre soubeste que não te queria levar, foste tu quem insistiu.
Não entendemos. Estamos aprisionados nestas formas, cegos e embrutecidos. Ergues a arma. Eu aponto a minha. Qual de nós o mais veloz?
Horas mais tarde, alguém encontrará dois corpos. No meu, este texto. No teu, dois bilhetes de avião.
Peço-te: se partes, leva-me contigo. Passam dias e passam anos, até que cedes e aceitas levar-me.
E agora, deitado na minha cama, penso que talvez partas pela calada da noite, sem me avisar. Sou eu que me deixo ser tragado pelo medo, sou eu quem enlouquece na minha própria prisão.
Quando amanhecer, já traçámos o nosso destino. Um combate ao nascer do sol, com a luz que nos cega. Direi: não me queres levar. Dirás: sempre soubeste que não te queria levar, foste tu quem insistiu.
Não entendemos. Estamos aprisionados nestas formas, cegos e embrutecidos. Ergues a arma. Eu aponto a minha. Qual de nós o mais veloz?
Horas mais tarde, alguém encontrará dois corpos. No meu, este texto. No teu, dois bilhetes de avião.
9 comentários:
que duelo sublime jazzy e que fim inesperado e surpreendente.
como sempre...
estes teus dois dedos de prosa...deixam de ser monólogos a partir do momento em que são lidos...ganham vida própria,e falam, perguntam, emocionam... eles têm esse poder!
Muito bom mesmo!
Não foi um duelo, afinal.
Porque no final também eu, que apenas presenciava incrédulo aquela cena, levei com um balázio no meio da testa.Algum dos dois disparou duas vezes!
Morri, mas mesmo assim adorei!
Aliás, se bem me lembro, foi a única vez que fiquei feliz por ter morrido.
A cena merecia que eu fosse com ela.
Jonas:
Pelo fim do teu comentário, está visto que fui eu quem disparou... ;)
Cassamia:
lá que o fim foi inesperado, foi... Mas isso é outra conversa...
Nonsense:
A ideia é precisamente o nome ser uma piada... Sem graça, mas uma piada...
jazzy: :(
eu sei...foi mesmo só para reforçar o impacto das tuas fatalidades:)
Nonsense:
era um elogio, por teres percebido... ;)
Jazzy...
Só porque fiquei com uma pontinha de dúvida...:
Acena merecia que eu fosse com ela, leia-se MORTE. (não com a morta!)
Jonas, meu caro, tanto faz: dá para os dois lados...
Ou foi por vingança; ou por simpatia...
Obrigado.
Qualquer OU me serve.
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