segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Gato-Preto-Noite

Hoje, o meu gato acordou-me, com os olhos faiscando no meio do abismo de pêlo que se fundia no escuro da noite, apenas para me dizer

- Vou-me embora.

E, como se o que se passara fosse algo de casual, começou a lamber a pata, lavando o seu corpo de azeviche.

- Vais embora?

Ele olhou-me, com uma expressão grave. Chegou-se mais perto, com o cuidado de não a acordar a ela, que dormia profundamente a meu lado, e esfregou a sua cabeça no meu rosto. Peguei nele e fitei-o com atenção.

- Chegou a hora?, perguntei.

- Chegou, meu amigo.

Levantei-me, com ele enroscado no meu colo, ronronando.

- Para onde vais?

- Tu sabes.

- E ela?

- Ela fica. É aqui que ela pertence.

Abri-lhe a porta.

- Não queres comer algo antes de ir?

- Não é preciso.

Ficámos em silêncio por uns instantes.

- Adeus.

- Adeus.

Ele começou a deslizar rua fora. Quando ia quase a desaparecer na esquina, indecifrável da cortina nocturna, chamei-o e perguntei mais uma vez

- Para onde vais?

Ele parou e, não fosse pelas suas feições felinas, seria capaz de jurar que sorriu antes de me responder

- Para outro sonho.

4 comentários:

Anónimo disse...

VOLTASTE! VOLTASTE! VOLTASTE!
que bom, estou tão feliz jazzy.
... e ainda por cima voltas com este sonho maravilhoso!!
não desapareças outra vez por favor :)
beijo

Anónimo disse...

Passou por mim um gato negro mas não quis ficar: não gostou do sonho. Também eu não gostava, por isso saí e entrei no teu. Mas não vou ficar muito tempo, apenas o suficiente para seguir para outro sonho. E outro. E outro...

Rorscharc disse...

Boas. é o danny.

abraço

Anónimo disse...

onde estás jazzy?