domingo, 18 de novembro de 2007

Conta-me uma história...

Foi o que ela me pediu. 'Conta', disse num murmúrio. Devo contar. Talvez um dragão. História que se preze tem um dragão e uma bruxa. E uma princesa e um cavaleiro. Não é difícil. Basta-me contar-lhe a história (Já existe;está lá; basta-me encontrá-la.).
Um cavaleiro perdido encontra uma princesa. Surge um dragão que bufa e os aparta. (Não para sempre, isso é um disparate.) Uma bruxa... O dragão na verdade é uma bruxa sem forma, irreal, resumo de todas as barreiras. Muda de forma. É uma amante para o cavaleiro, um outro cavaleiro para a princesa; para ambos é a distância física e imaterial. Como se mata um dragão assim?
O cavaleiro não sabe. (Já dormes? Vou prosseguir, a história precisa de um fim, mesmo que seja igual a todas as outras.) Percebe então que não o podem vencer. Procura a princesa e encontra-a numa ilha remota. 'Vim salvar-te', diz-lhe. E ela repete-lhe o inevitável, que 'Não se pode vencer aquela bruxa, nem sabemos o que é. Pode até ser esta ilha que pisamos; ou o Rei Gordo, que domina a Senhora de Negro.' 'Bem sei,' responde o cavaleiro, 'mas podemos combater. Podemos nunca desistir.'
(Ainda não dormes. Vi que estremeceste os olhos e a tua respiração sobressaltou-se. Sabes portanto do que falo.)
E viveram felizes para sempre (p'ró diabo com os disparates), combatendo uma bruxa que desconfiam ser sua filha.
(Não faz sentido, mas é real. Tu sabes. Abraças-me. Adormecemos.)

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