quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Conto dos Dois Castelos

No tempo em que as árvores eram jovens, quando meti a espada às costas e lancei mãos à aventura, encontrei um rio bravo que corria diante de dois Castelos. Ali me sentei, na margem oposta, com os pés descansando nas águas gélidas, impossíveis de atravessar.
Abriu-se então a porta do Castelo de Ouro e dele saiu uma Princesa, a mais bela que o céu já testemunhou. Acenei-lhe e, num sorriso, respondeu-me da mesma forma. Pedi-lhe que me baixasse a ponte do seu Castelo para eu atravessar; ela ignorou-me, porém. E pôs-se a colher flores.
Sem que eu tivesse contudo reparado, o outro Castelo, de Prata, baixara a sua ponte. A sua Princesa atravessou-a com passos leves e pegou-me no braço. Virei-me e vi então que era bela; a sua beleza só superada pela Princesa do Castelo de Ouro.
"Vem.", disse-me.
"Se é este Castelo que queres, porque vais para esse?", gritou, da outra margem, a Princesa de Ouro.
Fiz-lhe sinal, pedi-lhe que baixasse a sua ponte.
"Não queres realmente este Castelo, só desejas atravessar o rio. Se eu te disser que não a baixo, então atravessarás essa ponte, não é verdade?"
Expliquei-lhe que não, mas não me quis ouvir. Então eu disse à Princesa de Prata que regressasse para o seu Castelo. Ela olhou-me e gemeu. Soltou-me o braço e, chorando, fez o que lhe ordenara. Lentamente, recolheu a sua ponte.

Hoje as árvores são já velhas e, no vento que lhes afaga os ramos, corre ainda esta história. Falam do homem que se tornou rocha fria junto ao rio, esperando para sempre uma ponte que nunca veio.

2 comentários:

Anónimo disse...

um dia a Manhã chegou muito atrasada.
era sua obrigação apagar as estrelas, que a Noite acende porque tem muito medo do escuro, e acender o Sol, mas
a Manhã é doida por histórias
e gosta particularmente das histórias que o Vento conta, porque, sendo ele um grande viajante, conhece as mais belas historias de todo o mundo.
pois nesse dia a Manha atrasou-se muito porque esteve a ouvir uma historia que o Vento lhe contou (o Vento é apaixonado pela Manhã) e o Sol e a Noite, seus irmãos, foram fazer queixa dela ao Tempo, pai de todos.
quando a Manhã chegou junto a seu pai, este inquiriu-a sobre os motivos de tão grande atraso e a Manhã, travessa e traquina, contou ao pai porque se tinha atrasado.
o Tempo, o pai, que também é doidinho por histórias, quis saber que história era essa, e a Manhã ajoelhou-se a seus pés e começou a contar.
dizem que é a história de um determinado gato que era malhado e de uma andorinha que se chamava Sinhá.
cassamia
(tudo isto para te dizer que amei o teu conto e se me permitires vou contá-lo aos meus alunos)

Igor disse...

bem, uma vez partilhado, já não é meu.
fico em todo o caso extremamente feliz.
Muito obrigado